As alterações feitas pelo homem no
clima podem estar
acontecendo num ritmo muito mais lento do que que tem sido alegado,
segundo uma nova e controversa pesquisa.
Os cientistas dizem que raios
cósmicos provenientes do espaço exterior desempenham um
papel bem mais importante nas alterações
climáticas da Terra do que os especialistas em aquecimento
global antes pensavam.
Num livro a ser publicado esta
semana, eles afirmam que as
flutuações no número de raios cósmicos que
atingem a atmosfera alteram diretamente a quantidade de nuvens que
cobre o planeta.
Altos níveis na
cobertura de nuvens protegem a Terra e refletem o calor irradiado pelo
Sol de volta ao espaço, fazendo com que o planeta esfrie.
Henrik Svensmark, um cientista
do clima do Centro Espacial da Dinamarca, que liderou o grupo
de pesquisa, acredita que o planeta está passando por um
período natural de baixa cobertura de nuvens, por conta de um
menor número de raios cósmicos que entram na atmosfera.
Isso, segundo ele, é o
responsável por muito do aquecimento global que estamos
presenciando.
Ele alega que as
emissões de dióxido de carbono (ou CO2, ou gás
carbônico), resultantes da atividade humana, estão tendo
um impacto menor nas alterações do clima do que os
cientistas pensam. Se ele estiver certo, isso poderia significar que a
humanidade teria um prazo maior para reduzir nossos efeitos sobre o
clima.
A controversa teoria chega uma
semana depois que 2.500 cientistas que formam o Comitê
Internacional das Nações Unidas para
Alterações Climáticas publicaram seu quarto
relatório, afirmando que as emissões de dióxido de
carbono causariam elevações na temperatura de até
4,5 graus centígrados no final do século.
Svensmark alega que os
cálculos utilizados para fazer essa previsão deixaram de
considerar em grande parte o efeito dos raios cósmicos sobre a
cobertura de nuvens, e a elevação da temperatura devido
à atividade humana pode ser muito menor.
Disse ele: "Por muito tempo
pensou-se que as nuvens eram causadas por alterações no
clima, porém agora vemos que as alterações
climáticas são induzidas pelas nuvens. E isso não
foi levado em consideração nos modelos utilizados para
avaliar os efeitos que o dióxido de carbono tem tido. Talvez
venhamos a constatar que o CO2 é responsável por muito
menos aquecimento do que pensávamos. E se esse for o caso, as
previsões de aquecimento causado pela atividade humana
terão que ser revisadas."
Na semana passada, Svensmark
publicou a primeira evidência experimental de uma pesquisa de
cinco anos sobre a influência que os raios cósmicos
têm na produção de nuvens nas Minutas do
Royal Society Journal A: Ciências Matemáticas,
Físicas e Engenharia. Esta semana, ele vai também
publicar um relato mais completo sobre seu trabalho num livro chamado
"The Chilling Stars: A New Theory of Climate Change."
Uma equipe com mais de 60
cientistas de todo o mundo está se preparando para realizar um
amplo experimento, utilizando um acelerador de partículas em
Genebra, Suíça, para reproduzir os efeitos dos raios
cósmicos que atingem a atmosfera. Eles esperam que isso comprove
se as radiações das profundezas do espaço
são responsáveis pelas alterações na
cobertura de nuvens. Em caso positivo, isso poderia forçar os
cientistas a reavaliar suas idéias sobre como o aquecimento
global ocorre.
Svensmark alega que o número de raios cósmicos que atingem a Terra é alterado pela atividade magnética ao redor do Sol. Durante os períodos de alta atividade, menos raios cósmicos atingem a Terra e menos nuvens são formadas, resultando em aquecimento.
Baixa atividade solar gera
mais nuvens e resfria a Terra.
"Evidências dos
núcleos de gelos mostram isso acontecendo desde há muito
tempo no passado. Estamos tendo a mais alta atividade solar que
já tivemos em pelo menos 1.000 anos", diz ele.
"Os humanos estão tendo
um efeito sobre as alterações do clima, mas ao não
incluir o efeito dos raios cósmicos nos modelos, os resultados
tornam-se imprecisos. O tamanho do impacto do homem pode
ser bem menor e então as alterações devidas aos
humanos estão ocorrendo de forma mais lenta do que o previsto",
continuou ele.
Alguns especialistas em
alterações climáticas descartaram as
alegações, classificando-as de "tênues".
Giles Harrison, um especialista
em nuvens da Reading University, disse que ela tinha feito pesquisas
sobre raios cósmicos e seus efeitos nas nuvens, mas acredita que
o impacto sobre o clima é bem menor.
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